terça-feira, 4 de maio de 2010

Até dói.....



Nós estamos sentadas, tomando o café da manhã, quando minha filha menciona o assunto mais frenquente ultimamente....o bebezinho que ontem soubemos que tem 70% de chance de seja um homenzinho o LUIGI.

Meu coração se enche de tanta alegria e ternura.

— Vai mudar a sua vida — eu penso e quase digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.

— Eu sei — ela diria. — Nada de dormir até tarde nos finais de semana.....etc, e tal.

Mas não foi nada disso que eu pensei e queria dizer.

Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender em um curso de casais grávidos.

Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais ver ou ler um jornal sem se perguntar: “E se tivesse sido o MEU filho?”; que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar; que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para ela, arrumada, pronta para sair para o trabalho e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzí-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote; que um grito urgente de “Mãe!” fará com que ela derrube a sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.

Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode estar segura que seu bebê está em boas mãos, mas um belo dia entrará numa importante reunião e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina; que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino, ao invés do feminino, no McDonald's, se tornará um enorme dilema; que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.

Não importa o quão assertiva ela seja no trabalho, se questionará constantemente como mãe.

Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá, mas que jamais se sentirá a mesma sobre si mesma; que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho; que ela a daria num segundo para salvar sua cria — mas que também começará a desejar mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seu filho realizar os deles.

Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma episiotomia, cesárea ou estrias, se tornarão medalhas de honra.

O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.

Eu espero que ela possa entender por que eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando o assunto é qualquer tipo de ameça ao bem estar dela.

Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta.

Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que ela prove a alegria que, de tão real, chega a doer.

O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

— Você jamais se arrependerá — penso finalmente. Então estico minha mão, faço um carinho no seu rosto e uma oração silenciosa por ela e por mim e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho esse que é o mais maravilhoso dos chamados; esse presente abençoado de Deus, que é ser mãe.

2 comentários:

Syl disse...

Nossa... sem palavras... estou desidratada!!!!!

Esse fds vi a capa da Epoca, era um bombeiro carregando um corpinho, e logo pensei: Meu Deus... obrigada por não ser meu filho.

Já pensei sobre como farei para que ele vá ao banheiro sozinho. Acho que um bom treinamento em casa, e spray de pimenta devem me tranquilizar um tanto, enqto espero ansiosa na porta.

Qdo o Dinde e a Vó fizeram bodas de ouro eu pensei: "poxa, qdo o meu bebê fizer bodas de ouro eu provavelmente não estarei presente... que pena!!! A vó BEmvinda ia gostar tanto de ver a felicidade do Dinde... que pena que ela não pode ver...." Até chorei.

Eu já me apaixono só do Mi fazer cafuné na barriga.... imagine qdo ele estiver cuidando do pequeno...

O resto das coisas ainda não senti, só imagino....

Te amo....

esse texto foi a coisa mais linda que já li na minha vida.

TE amo esternamente.

Amigao disse...

Eu ja havia lido e pensei: O dia das mães chegou mais cedo por aqui.

Porque é um dos melhores texto que já li sobre o dia das mães.

Parabéns meninas pelo dia.