terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pequenez


O mistério de nossa humanidade
Ricardo Gondim

Como idealizei as pessoas que participaram de minha vida! Quando eu era criança, papai parecia inabalável. Eu o via grande; suas mãos eram fortes, seus passos, decididos.

Mais tarde, elegi ícones nos esportes. Depois, na religião. Mas um dia meu velho estava bastante doente, alquebrado pela Síndrome de Alzheimer, e eu precisei descê-lo dentro de uma lona de quatro alças pelas escadas do seu apartamento. Do Eródoto José Rodrigues sobrava muito pouco. Enquanto descíamos, vi seu corpo balançando, decrépito e magro. A rede empunhada por quatro homens o jogava de um lado para outro; a valsa era macabra. Lembrei de quando segurava sua mão e me sentia amparado. A decadência física de meu pai escancarava quão efêmeros nós somos. Daquele dia em diante passei a repetir: ninguém é inabalável em sua subjetividade emocional; as mais sólidas convicções intelectuais sofrem abalos; nenhuma pretensão moral é de aço inoxidável.

Não existem monstros ou santos. Todos somos flamas oscilantes. Carregamos sombras na alma. Não passamos da combinação ingênua de noviços, ineptos em abraçar o bem, e de bandoleiros, hesitantes na prática do mal.

Viver consiste no desafio de alargar o coração e deixar que réstias de luz iluminem as nossas sombras. Não permitamos que trevas se alastrem dentro da gente. Demônios tenebrosos se multiplicam em ambientes lúgubres. No alto da colina da ilha chamada vida, sejamos lanterneiros, sempre a projetar nosso farol na direção de algum viajante perdido. Não esqueçamos: só se credencia a morar no céu quem, na terra, não abandonou o mandato de ser luz.

Fujamos do ar viciado do negativismo. Aprendamos a talhar nossa história sem nos deixar destruir pela perversidade do mundo. Perseveremos em fazer o bem. Os cínicos desistem da lida; os pessimistas ajudam a empurrar a história para o desespero; e os neofundamentalistas tentam fazer nascer, a fórcipes, um mundo desde as suas verdades. Forjemos a nossa humanidade com a constatação de que somos limitados. Esvaziemos a arrogância de ter toda a verdade. A verdade reside na democrática convivência dos povos.

Reconheçamos que cada indivíduo é um universo; suas relações sociais são infinitas. Não tentemos imobilizar a dinâmica da cultura ou da ética. Bem e mal se transformam velozmente. A tarefa de joeirar virtude e vício é complexa. Não há códigos suficientes que abarquem todas as nuanças da vida. Crescemos quando nos abrimos para uma coexistência inclusiva, sem preconceitos e sem ódios. Viver é amadurecer a arte do diálogo. Ao caminharmos na senda do amor, reconheceremos Deus no rosto do próximo.

Os que almejam humanidade fazem escolhas responsáveis; só eles discernem que o futuro jaz, latente, nos grãos plantados hoje. Só germinarão fraternidade e paz quando justiça for semeada. As máquinas de guerra devem ser desmontadas para que, logo, o arado substitua a espada e o cordeiro não tema pastar ao lado do leão.

Humanidade é obra que só pertence a nós, os humanos. Então, que se abandone a ideia de que o bem ressurgirá da ganância, do consumismo, do individualismo e da soberba.

Ergamos a nossa humanidade sempre cientes de nossa pequenez. Sem a soberba dos falsos campeões, celebremos cada encontro. Valorizemos quem amamos. Acolhamos os discriminados, os deficientes, os esquecidos. Contemplemos a história como artesãos que limam o ouro. Defendamos o direito, demos as mãos ao pobre e aguardemos: breve brilhará o sol da justiça, trazendo cura sob suas asas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Perfil


Sou do dia, mais sei viver na noite!
Sou da água, mais tive que aprender a lidar com o fogo!
Sou do bem, mais vivo me deparando com maldades!
Sou da alegria, mais já me peguei chorando por mim ou por alguém!
Sou do trabalho, mais sei fazer uma boa farra!
Sou assim, se agrado não sei... mais sou assim!
Sou da justiça, porém muitas vezes injustiçada!
Sou do amor, porém nem sempre amada.
Sou da compreensão, mais muitas vezes incompreendida...
Sou da ajuda, mais muitas vezes tentam me atrapalhar...
Sou assim, se errada não sei... mais sou assim!
Sigo, Luto, Batalho, sou da guerra, mais prefiro a paz!
Sou do Sol, mais adoro a sombra ...
Sou do acerto, mais já errei muitas vezes!
Sou do perdão, e perdoarei quantas vezes meu coração suportar!
Sou assim, se certa não sei, mais sou verdadeira!
Sou alguém que vive em busca de coisas simples!!!
Sou aquela que busca mais a atitude do que a promessa.
Sou quem corre como uma louca em busca de coisas que alguns até fogem!
Sou aquela que prefere a verdade que machuca, que a mentira que agrada!
Sou aquela que agora reconhece os próprios defeitos e isso é uma qualidade!
Sou aquela que sabe a hora de calar, mais nem sempre calo!
Sou aquela que sabe a hora de falar, porem se convém: não falo!
Sou o contrario do que muitos acham, mais sou exatamente como poucos dizem!
Conhecidos, milhares! Colegas, centenas!
Amigos, não mais que os dedos das mãos!


Luiz Prado (adaptado)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Arrumando o ninho



O foco da futura mamãe aqui em casa são os preparativos para a chegada do bebê. É tempo de mudanças, reformar, montagem do enxoval e compras.

Além da necessidade física de adaptar o ambiente, eu estou encantanda com o tamanho do instinto materno dela na formação do "ninho" para a recepção aconchegante do seu filhotinho.

Estou muito feliz!!!!!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando tudo dá certo



Querido, respeitado e muito divertido Pr. Geraldo.

"Feliz aquele que teme ao Deus Eterno e vive de acordo com Sua vontade. Se você for assim, ganhará o suficiente para viver, será feliz e tudo dará certo para você". Salmo 128: 1 e 2

Eneida foi sugestão dele, assim como o Cristina de Sylvia Cristina também: "Família importante tem que ter nome composto nos filhos, assim como eu fiz.......rssss" disse ele no dia 07 de outubro de 1982.

Antes disso em 1981, celebrou um casamento que não deu certo - o meu. Daí a decisão: "Não faço mais casamento, somente enterro, porque é garantido não se desfaz......rssss" e depois completava: "Mas, ela deu um jeito, arrumou esse gordinho e consertou tudo"......rssssssss
(frases sempre finalizadas com uma gostosa risada, nunca no tom acusação).

Finalizando seu ministério celebrou agora em março as bodas de ouro dos meus pais. Sua última participação pública, não saiu mais de casa, não pode mais ir a igreja.
Foi por nossa família as últimas orações na igreja, as últimas bençãos....orou até para o nosso pequenino Luigi que começava a se formar no útero da sua mãezinha - que privilégio. Mas, sabemos que diariamente orava por nós e com certeza isso fez muita diferença em nossas vidas.

Quanto carinho recebemos desse homem de Deus (realmente de Deus), fico triste por não poder contar mais com seus sempre preciosos conselhos e bençãos, aqui na Terra. Sinto-me meio órfã. Porém, espero muito abraçá-lo no lar eterno.

Como viveu, morreu...........sem barulho, no silêncio do seu quarto deu um profundo suspiro e parou.

Quem dera pudesse eu viver e morrer como ele, sabendo enfrentar da mais doce forma a dura vida que teve e ganhar agora o mais doce descanso.

Tudo realmente deu certo!!!!!!!!!!

sábado, 14 de agosto de 2010

Humana


SALVOS DA PERFEIÇÃO
Elienai Junior


DEUS DE TÃO PERFEITO conheceu a plenitude do tédio. De tão cercado pelo idêntico a si mesmo, incapaz de dizer por que hoje não é apenas um reflexo de ontem, sem jamais ter sonhado com um outro dia, enfadado com a previsibilidade de um mundo impecável, inventou o amor. Ou seria, preferiu amar?

A invenção do amor, ou dos amigos, é o encontro com o imperfeito e aqui está a sua grandeza. Nada se compara ao êxtase da imaginação, à adrenalina do inusitado, ao ciúme diante do livre amante, à ardência do anseio pelo melhor, ao sabor fugidio do fugaz, à satisfação de um mundo transformado, ao descanso gostosamente dolorido diante do que não mais é caos. Sensações próprias da vida imperfeita, do que está para sempre para ser, dos que sempre podem desejar uma outra coisa. Dos humanos.

Logo depois de inventar o imperfeito, Deus conheceu a lágrima da frustração. A dor mais feliz que espíritos livres sentem. Viu as costas dos que mais amou. Duvidou sem desistir, o Criador chorou mais uma vez. Desta lágrima descobriu o perdão. Lágrima esquentada com afeto e graça.

Mal compreendido pelos amigos, inimigos tolos, pecado, recobriram-no de ídolo. De tão cansados do incerto, angustiados por tanta liberdade, os amigos inventaram ídolos, pretensos profetas e arrogantes senhores do futuro, sacerdotes e magos de um deus acuado, cristos milagreiros da mesmice ressurreta. Inventaram a religião, vestiram-se de absoluto.

Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

13


Sendo hoje 13 de agosto e uma sexta-feira, tive a curiosidade de procurar algumas explicações para tanta superstição e me surpreendi com a que encontrei no site universia.com.br:

“A crença de que o dia 13, quando cai em uma sexta-feira, é dia de azar, é a mais popular superstição entre os cristãos. Há muitas explicações para isso. A mais forte delas, segundo o Guia dos Curiosos, seria o fato de Jesus Cristo ter sido crucificado em uma sexta-feira e, na sua última ceia, haver 13 pessoas à mesa: ele e os 12 apóstolos”.

Bom, não dá mesmo para saber exatamente como começam esse tipo de coisas.

Porém, penso e aproveito mais uma oportunidade que tenho de agradecer mais uma vez, o sacrifício de Jesus por nós e aproveitar o sábado que chega para "Lembrar e santificar" nosso Criador e Redentor.

Não poderia deixar de lembrar do Antonio Pitt, nosso lindo gatinho preto que não traz azar para ninguém e ainda enche nossa casa de felicidade (menos para os cães, é claro.....rssss)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


Adélia Prado

Concordo plenamente!!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Fuinho"


Alguma dúvida que Deus existe???